sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Corpo sussurrante


Toca minha pele a silente noite fria. Penduro meus ossos como quem se prepara para amanhecer. Lá do alto da figueira, um esqueleto reluz ao tempo do vento. Vibro ao chamado da terra molhada. Rodopio desabandonadamente sob o cenário dos astros. Levanto folhas, sementes, flores e frutos. E no ar... um perfume primaveril se move cadenciado, mudo e suspenso. Risos ecoam à chegada de gotas serenadas de luar. É bailado de luzes! A decorar-me um pouco mais de alma.


domingo, 26 de agosto de 2012

Amanhecendo em mim


Dedos de ternura em pele de querer. A deslizar delicadezas em meu corpo. Beijos doces. Entrelaço de mãos ávidas. Sussurros segredando deleite amoroso. A amanhecer em mim seu mais adorável Bom dia!.








(...)
Quando duas pessoas fazem amor
Não estão apenas fazendo amor
Estão dando corda ao relógio do mundo.
Mario Quintano

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quando o simples é simples demais que parece tolo


Permita-me sugerir uma música: Somewhere Over The Rainbow, interpretada por Israel Kamakawiwo'ole. Ouça-a, se possível, usando um fone de ouvido. Ajuste o volume zelando pelo conforto. Então, aos primeiros toques, inspire b-e-m l-e-n-t-a-m-e-n-t-e. Dispa-se de qualquer idioma. Fique apenas com a linguagem universal, que eu e você sabemos existe. Observe um arrepio sutil bailar na sua pele, acompanhando o balanço do primeiro sussurrar. Seus olhos se fecham docemente e a música desenha um bonito sorriso em seus lábios. E você mergulha na melodia melodiosa dos sons. Dando licença à emoção. Abrindo alas ao coração manifestar o que há de mais terno no seu íntimo ser. Sinta o prazer que sua companhia lhe traz. E no último expirar da canção, tudo estará pleno e sereno. Vamos lá, aperte o play. Viva a arte de fazer o mais simples.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Paragens do universo


No cobertor das nebulosas espirais. Ínfima luz emerge no vasto útero cósmico. Num gesto va-ga-ro-so, múltiplas estrelas bordam o tecido vivo da existência. Pulsam vitalidade. Cantam e brilham harmonias invisíveis. Embalam-nos com sua canção estelar. Afagam secretamente os ouvidos mais atentos. E em sintonia, jorramos amor de nossos corações como forma de gratidão.













Imagem Michael Sidonio

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Escolhas


Sermos nós mesmos
faz com que
nos isolemos
de muitos outros
e, no entanto,
ceder aos desejos
dos outros
faz com que
nos isolemos
de nós mesmos.




Fotografia de Chema Madoz

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Encontros de verão no campo


Quando a noitinha engolia o dia. À beira da escada da modesta casa, espreitava-nos um pequenino anjo de cabelo longo dourado. Meus pulmões respiraram de uma só vez toda a paisagem e retiveram cada partícula até reverberar miniaturas dentro de si. O tapete verde do campo confundido com outro tom de verde, que confundido com outro tom de verde, metamorfoseou minha alma em verde escultura. As farfalhadas folhas sob minhas sandálias a caminhar provocaram sibilantes risos no meu coração. Uma alegria (en)cantada a se por em tênues floquinhos de emoção. A natureza me sorria flores de volta. O vento penteava a cabeleira do campo com suave canção. Meu corpo embalado pelos acordes da poética vida prosseguia seu destino: o aspirado abraço dos amigos. Aconchegante modo de parar e eternizar o tempo. Serena união dos corpos, das auras. Transfusão de forças. Reencontro das almas aninhadas em contornos afetuosos...